Na ida ao trabalho e o retorno para casa eram os momentos de pensar como escrever um livro. Ficava imaginando o enredo da obra, os personagens, os temas que poderiam ser abordados, o público, em fim, estava completamente perdido.
Em casa só começava a pensar no livro a pois dar atenção ao meu filho e minha esposa, ou seja, aguardava eles dormirem, dai eu levantava e retomava aos pensamentos. Das 24:00 h as 3:00 h da manhã eram os momentos que escrevia, essa rotina se estendeu por muito tempo. O interessante é que acordava as 6:00 h da manhã para ir trabalhar, despertava bem e sem sono algum, cheio de energia. Como não estava satisfeito com o pouco tempo passei a levar o computador para o trabalho e em meu horário de almoço, 1:00 hora, aproveitava para escrever entre um garfada e outra.
Confuso com a direção que daria a obra aproveitava as madrugadas para orar ao Senhor afim de pedir direção. Li inúmeras vezes as folhas escritas nas noites de insônia. Já tinha escrito dezenas de páginas, mas não estava satisfeito com a história, estava faltando algo.
Ao concluir o primeiro esboço da obra pude ver que o trabalho estava longe de ser concluído, não era o que queria, sentia que faltava alguns ingredientes. Foi quando Deus lembrou-me de alguns fatos esquecido do tempo de criança. "Certo dia vi uma pipa cair no terreno do vizinho no outro lado da rua e corri até lá pegando a pipa. Feliz por ter pego não observei a rua para atravessar e fui parado por algo, pude sentir o vento do carro em meu rosto, parecia que tinha batido de frente com uma parede de vidro, vendo algo esbranquiçado". Teve um outro momento atrais de pipa, mas este em meu quintal. "Estava jogando bola com os amigos quando vi a pipa cair nos fundos de minha casa. Vi meu colega indo pela residência de sua tia. Tirando o chinelo para correr mais rápido desci meu quintal eufórico passando por cima de cacos de vidro, subindo o muro mais rápido que o meu amigo, pegando a pipa primeiro. Ao descer passei pelos cascos de garrafa e brinquei em meus pensamentos, não caminhei sobre brasas mais por vidros ponte agudos". Recordei também das histórias contadas por minha mãe do tempo em que ela morava no nordeste, "de sua avó indo buscar um galão de água no açude e trazer-ló cheio e o apoiando na cabaça", ela fazia isso dormindo e quase sempre. Lembrei de uma história contata por meu pai de quando ele era jovem. "Ele disse que estava em um bairro de Petrópolis com alguns amigos, fazendo obra em uma casa grande. Perto de dar 24:00 horas os rapazes chamaram meu pai que já estava dormindo e o levaram até a cachoeira que ficava bem próxima. Ao chegar no local ele ficou abismado porque não se ouvia uma gota se quer cair da cachoeira e o caseiro da casa lhes disse que ela estava dormindo". Pude lembrar de um momento delicado em nossa vidas, minha irmã estava muito doente. Ela teve que ficar internada no hospital Cardoso Fontes e lá diagnosticaram que era preciso opera-lá pois estava com liquido nos pulmões. Meu pai não autorizou o procedimento, dizendo que o médico estaria equivocado. A loucura aparente de meu pai fez que minha irmã fosse transferida para outro hospital. Chegando no local os médicos realizaram novos exames e constatou-se que não precisava operar.
Deus me deu a compreensão de relembrar e entender que um anjo me parou, impedindo que fosse atropelado; e que outros anjos me ergueram para não pisar nas garrafas quebradas, caso o contrário teria sofrido danos em meus pés. No caso de minha irmã o Senhor lhe deu um grande livramento, Ele endureceu o coração de meu pai em quanto anjos organizavam a sua transferência.
A única lembrança de infância que recordava era um fato ocorrido com minha mãe. Sempre que ela se recorda deste fato as lágrimas descem em seu rosto. Minha mãe teve algumas complicações no parto de minha irmã, e no momento do nascimento ocorreu uma parada cardiorrespiratória. Segundo o relato dos médicos em volvidos minha mãe havia morrido por algum tempo. "Minha mãe relatou a mim que se viu fora do corpo e assistiu os médicos a reanimando sem exito. Ela disse que subiu para algum lugar, tudo era muito branco e muito claro, até que se aproximou de um grande portão, avistando uma silhueta branca em meio a natureza, um lugar lindo. Ela pediu para retornar, que não poderia deixar o seu garotinho e seu neném, pois ambós precisavam dela. Ela conta que os médicos haviam ficado perplexos ao ouvir o som de sua respiração".
Pensando nos fatos e histórias pude compreender o caminho que daria a minha obra. O sonho posto por Deus em meu coração criaria vida no papel.
Para ilustrar
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