Aos vinte anos continuava fazendo alguns cursinhos, distribuindo currículos, mas nada de emprego. Volta e meia ocorria uma discussão entre eu e meu pai, toda semana. Cheguei até ir de loja em loja e nada. Foi um momento muito complicado, pensava em várias coisas, não conseguia compreender porque não conseguia, olha que eu estava disposto a fazer qualquer coisa.
Os meses passaram até que vi um curso de modelo e manequim no jornal, resolvi fazer e ver no que daria. Dias depois comecei a fazer uns concursos de moda, figuração e foi ai que um novo sonho nasceu. Sai do curso de modelo e comecei a estudar na escola de teatro Martins Penna, senti que algo estava mudando em mim. Engraçado até... Em poucas semanas de curso não parecia sentir vergonha de expor o que pensava, estava me sentindo seguro e confiante, incrível.
O curso de teatro estava sendo ótimo para mim, minha criatividade aumentou, passei a ser mais confiante e firme nas decisões, mas sentia que faltava algo. Toda fez que fazia as leituras dos textos para o desenvolvimento do personagem sentia algumas dificuldades na compreensão do mesmo.
No dia seguinte peguei algumas folhas e comecei a escrever sem parar. A história surgia naturalmente, os personagens, os acontecimentos, o roteiro, foi incrível. Em dois dias escrevi dezenas de folhas e uma obra teatral. Comecei a ler a história quando foi interrompido pelo meu pai que chegou da rua com uma caixa e disse: "Não posso lhe dar um computador mais posso lhe dar uma máquina de escrever". Abri a caixa super empolgado e a máquina era show, simples, moderna, e o melhor portátil. No mesmo dia comecei a datilografar, passando a obra teatral a limpo, e no fim da revisão nasceu o título Lapso da Vida, minha primeira obra.
Nesse instante compreendi que não podia parar de persistir em meus sonhos.
Minha máquina de escrever.
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